Os 12 preceitos para atender em psicoterapia, submissa aos principios da Gestalt, segundo Hans-Jürgen Walter:
- Respeitar a forma, abrindo facilidades a que a natureza de cada um se realize, haja em vista o respeito educacional e relacional que nos deve merecer o tipo psicólogico da pessoa. Não raro muitos destes males estão na família, onde, por exemplo, abusivamente se impõe fazer evoluir uma criança introvertida na linha da extroversão, ou uma criança sensorial na linha do pensamento puro.
- Modelar as forças internas sem as modificar muito, embora estimulando-as, encaminhando-as e rnoderando-as. A sentença é: não empurres o rio, ele corre por si mesmo. O terapeuta tem de renunciar à curiosidade, o educador tem de aceitar a distimia do educando.
- A intervenção tem tempos de validade útil. Interna-se um alcoólico no momento crítico em que ele supõe que a vida lhe foge, esclarece-se o adolescente com validade quando a crise o desconserta. Temos de nos colocar "onde o outro está"; bater o ferro quando está em brasa.
- A rapidez na ação tem medidas próprias: no crescimento, na maturação, na aprendizagem, etc. É o caso do negro que viajou a primeira vez de automóvel e, decorridos dois quilômetros, quis parar e sentar-se na beira da estrada para dar tempo a que a alma chegasse.
- Há que suportar caminhos mais longos do que aqueles que retilineamente parecem levar-nos a resolução ou conquista do alvo desejado. A criança em evolução e um encaminhamento psicoterapêutico são disso testemunhos flagrantes, com seus retrocessos, paragens e florações aliciantes sem concretismo.
- Aptidão de permuta entre orientador e orientado, alternância de cada um deles nas posições de sujeito e objecto.
- Modéstia no carácter relacional dos fatores causais, sabendo nós que uma causa pode originar muitas maneiras de acontecer e uma maneira de acontecer pode provir de causas muito diversas. Quanto mais recuada é uma "causa" maior é o leque dos efeitos a presumir. Tarmbém para um dado efeito, seja a frigidez ou a anorexia por exemplo, quanto mais se buscam causas no passado longínquo, mais elas se multiplicam e menores são as probabilidades de acertar. Daí o vício de algumas doutrinas que se aliciam com as buscas no passado longínquo (leia-se por psicanálise).
- Concretismo dos fatos atuantes. Temos que objectivar, por exemplo: para que quer dialogar? para que se propõe fazer psicoterapia? para que deseja curar-se da impotência? para que recorre a operação estética?
- É só a totalidade da situação presente que influencia o acontecer atual e não os fatos psicológicos passados ou futuros. É o aqui-e-agora. Jung não está longe deste pensamento. Ninguém se banha duas vezes na mesma áqua.
- Autenticidade e transparência do orientador. "Só na medida em que eu ofereço a realidade autêntica que está em mim, pode o outro procurar em si, com êxito, a realidade".
- Aceitação e valorização do outro (do diente): "quanto mais posso aceitar alguma coisa ou alguém. tanto mais facilmente consigo uma relação útil". A pessoa que eu aceito impõe-se em todos os seus valores e desvalores; desmembrá-la em qualidades de opção é tomar abusivamente a parte pelo todo, é reduzi-la a um conceito irreal, é desagregar-lhe a forma. De tal vicioso pensar se denuncia que este ou aquele indivíduo é um bom espécime de sexo ou um apreciável servo de trabalho. Por tais juízos de valor, um caçador matava ou tentava matar índios nas florestas do Brasil, liberto de sentimentos de culpa e mesmo estranhando que a lei o incriminasse. Com tal mentalização floresceu o racismo e os nazis cometeram um dos mais monstruosos crimes da história da humanidade, matando judeus e inválidos.
- Empatia, que "é a possibilidade que nos assiste de vermos o outro com os olhos dele; é penetrar simpaticamente em todos os sentimentos e comunicações do cliente o no seu respectivo significado de momento".
Nenhum comentário:
Postar um comentário