quinta-feira, 16 de julho de 2009

Gestalt e as demais abordagens

Outro aspecto que valorizo bem, dentro de minha formação em psicologia, é a maneira como a Gestalt se posiciona diante das demais abordagens, sem instituir o conceito de comparação, mas como "complementação" do trabalho psicoterapêutico em outros níveis de intervenção.
Logo de cara, a Gestalt abstrai da filosofia em três frentes de análise sua manifestação humana. Em segunda análise, o caráter descritivo gestáltico traduz o homem como organismo real, em si-mesmo. Não evidencia o problema, a "doença" ou psicopatologia, mas a forma como lidar com ela. A Gestalt coloca o cliente-paciente diante de um espelho revelador e, portanto, conscientizador. Tal amadurecimento psicológico provém desta capacidade natural (sim, natural!) que este sujeito tem para empreender mudanças significativas em sua estrutura vivencial. O homem pode, somente apresenta um quadro de "não crer que pode" mudar seu campo de visão. Nesta ponto, psicanálise e comportamentalismo colocam este homem frente a frente com seus "problemas". A Gestalt foca este homem na situação vivencial com este problema.
O diferencial filosófico da Gestalt é vital para essa compreensão sistemática. Existencialista, eleva este homem ao plano real de potencializar suas próprias responsabilidades como ser-vivente. Suas relações com o meio, idem. É humanista porque estabelece uma relação diametral entre terapeuta-cliente, mais humanizada, simples, natural e direcionada. É a partir daí que, instituidos de categorização filosófica na terapia, empreendemos a este cliente um grau bem mais globalizado de si mesmo, de auto-compreensão, dos papéis individuais e sociais no mundo e meio, do que quer e do que não quer.
Sejamos francos. O processo de reconstrução humana é completamente existencialista. Isso já é adubado na filosofia desmitificada de Arthur Schopenhauer (a quem sou grato eternamente e devo parte fundamental de meu processo de conhecimento e mudança de paradigmas) e Nietzsche. O homem livre dos mitos é o homem fortalecido de seus próprios bens naturais. A capacidade existencial deste homem está ligada àquilo que vê, enxerga, observa, capta, absorve e põe em prática. Ao seu próprio benefício.
Fenomenológica no aqui-agora, a Gestalt coloca este homem em contato com sua realidade atual, como passaporte para o que virá. O presente é a construção do "presente" deste homem para si mesmo.
Não dá para não endossar tal firmamento da condição psicológica humana. É isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário