Escolhi a Gestalt-terapia por critérios muito simples. Um deles foi entender que, prioritariamente, o homem é o que escolhe para si e em torno de si. Formatamos aquilo que somos decorrente da configuração (gestalt) que adotamos como a mais coerente com as aspirações como seres humanos, in mondo. Até início de 2008 havia em mim um sentimento puramente psicanalítico, sacramentado nas ideias de Sigmund Freud como pilares de uma escavação sem fim, acerca do psiquismo humano. Correto. Até aí, a figura central e polimorfa do psicólogo ajustaria-se variadamente neste conceito, o de "arqueólogo do comportamento". Os profissionais de psicologia são investigadores, verdadeiros Sherlock Holmes da alma-psiché, dos costumes, hábitos, trejeitos, impressões, subjetivações, sensações, percepções e, atitudes.
Cri que a psicanálise ordenaria todo esse processo de investigação, o que não é inverdade. Mas diante dos preceitos de Frederic Perls e sua dissidência escancarada com o freudismo, dei-me por insatisfeito nesta questão e procurei o caminho da emancipação deste 'homem psíquico', inconscientizado, projetado e único. Sempre me intrigara a questão do meio, discriminado por Freud na problemática humana. O behaviorismo clássico de Watson e Skinner nunca me conquistara, apesar de minha grande admiração pelos bons feitos do comportamentalismo à espécie humana. Faltava, então, um "eixo", um xeque-mate, a cartada final.
O contato com a Gestalt foi tênue e sereno. Porém, certeiro. Os preceitos ditados por Perls, acerca de dois fatores imprenscindíveis na escavação do tesouro psíquico, "percepção" e "sensação", soavam como instrumentos perfeitos. Condição do momento vivencial do sujeito, o "aqui-agora", o imediato, idem. Não poderia eu escavar o passado como um buraco sem propósito, sem saber que o "óbvio" escancarava a principal agonia humana. Perls retirou da filosofia a "pedra", o marco gestáltico e que completaria sobremaneira meu processo incessante de busca pela melhor das essências psicológicas. Existencialismo, humanismo e fenomenologia comprendiam o vulcão dessa análise. O homem é, portanto, um ser que existe, é humano e fenômeno por isso. Foi pela Gestalt que minha escavação inaugurava esta nova arte profissional.
O propósito deste blog é trazer, ao campo humano das ideias e necessidades, a clareza da psicologia gestáltica e Gestalt-terapia como serviços prestados na busca incessante pela homeostase.
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