domingo, 11 de outubro de 2009

Caráter epidemiológico da bipolaridade conduz ao caos

O que Sperling traz é um retrato psicológico e social dos atuais tempos, nos quais percebemos (gestalten) praticamente o tempo todo, ao redor. Muito comum pessoas, hoje em dia, oscilarem o humor drasticamente. A ciclotimia presente esbarra no próprio conceito de possível bipolaridade, que já esbarra em questões de saúde mental. Encontramos esta "ciclotimia" frequentemente, seja nos rostos, palavras, ações, consequências humanas. Mas, em virtude das influências externas e ambientais, indivíduos sentem-se "entregues" à bipolaridade integralmente. A busca pelo prazer gera a euforia e a frustração de não ter tido, a "depressão". Conheço inúmeras pessoas assim. Essa necessidade desenfreada por "viver a vida intensamente" é uma faca de dois gumes na garganta.
A bipolaridade afeta de 5% a 7% da população, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Creio eu que essa porcentagem é mais líquida do que sólida. Tempos atuais aproximam a humanidade de uma bipolaridade mais evidenciada. Vejo-a mais como "epidemia" do que como focada nos quase 7% conhecidos. O cenário de miserabilidade social e intelectual, associado a este quadro de bipolaridade, devem conduzir a humanidade ao caos. Sem precedentes.

Psiquiatra alemão diz que a humanidade é bipolar

Concordo plenamente com as visões de Wolfgang Sperling, psiquiatra e professor na Clínica Psiquiátrica e de Psicoterapia da Universidade de Erlangen-Nürnberg, em Erlangen, na Alemanha. Em entrevista à revista Época desta semana, diz que a humanidade é bipolar e está sofrendo de Síndrome Bipolar Global (SBG).
Sperling pesquisa os efeitos epidemiológicos do alcoolismo e dos distúrbios de comportamento, como a síndrome do pânico, a desordem bipolar e a esquizofrenia. Veja trechos de Sperling e que complementam as análises que venho fazendo aqui, por este blog:
"A humanidade começa a manifestar claramente momentos de alternância emocional entre a euforia e a depressão. O incrível é que o sentimento de depressão que se alastrou pelo mundo há um ano já está sumindo. As Bolsas voltaram a subir – sem razão aparente alguma. É o mesmo processo. Ninguém pode detê-lo. O mesmo se dá com a pandemia de gripe suína. Não se pode contê-la. Essa é a conexão entre dois eventos muito diferentes, um na esfera econômica, o outro na esfera da saúde. A humanidade sofre de síndrome bipolar global."
Síndrome bipolar global (SBG)?
"A síndrome bipolar é a alternância brusca entre dois sentimentos muito diferentes que causam ansiedade. De um lado, temos as emoções ligadas ao estado de depressão. De outro, aquelas ligadas ao estado de euforia, o que chamamos de manias. Para mim, a humanidade começa a manifestar claramente momentos de alternância emocional entre a euforia e a depressão."
A humanidade está doente?
"A psicose bipolar é uma forma de doença psiquiátrica. Se olharmos os acontecimentos dos últimos anos, veremos que a SBG é o fator definidor de tudo o que vem acontecendo no mundo – não só na órbita da economia. Esse fenômeno faz parte das transformações causadas na sociedade pelo advento dos novos meios de comunicação."
Quais são os sintomas da SBG?
"Os principais sintomas são uma ansiedade incontrolável e a dificuldade de reagir de modo adequado aos problemas. No limite, os sintomas se assemelham aos de um paciente com síndrome do pânico. Quem sofre de pânico escolhe fugir dos problemas, deixar tudo para trás. Jamais enfrenta a situação que causa o pânico para buscar uma solução. Na SBG acontece o mesmo. Quando um banco quebra, todos saem correndo."
Há cura para a SBG?
"Precisamos criar alguma forma de terapia global. Por analogia, há vários meios para tratar um paciente com pânico. Usam-se remédios com a função de acalmá-lo. Não por acaso, acalmar os mercados é a prescrição usada pelas autoridades para deter o efeito manada nos momentos de pânico. O mesmo se aplica aos meios de comunicação. Acalmar a mídia significa dizer: 'Não reajam tão rápido, alardeando o mundo de que há uma nova crise. Esperem!'."