segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Perceber o todo, perceber as partes

A percepção é o ponto de partida e um dos temas centrais do gestaltismo. Os experimentos com a percepção levaram os gestaltistas ao questionamento da psicologia associacionista. O behaviorismo, dentro de sua preocupação com a objetividade, estuda o comportamento através da relação estímulo-resposta, procurando isolar um estímulo unitário que corresponderia a uma dada resposta e desprezando os conteúdos da consciência, pela impossibilidade de controlar cientificamente essas variáveis.
A Gestalt entende que é de suma importância a disposição em que são apresentados à percepção os elementos unitários que compõem o todo. Uma de suas formulações bastante conhecidas é a de que "o todo é diferente da soma das partes". Ou seja, a percepção que temos de um todo não é o resultado de um processo de simples adição das partes que o compõem.
A indissociabilidade da parte em relação ao todo permite que quando vemos o fragmento de um objeto ocorra uma tendência à restauração do equilíbrio da forma, proporcionando assim o entendimento do que foi percebido.
Rudolf Arnheim* dá um bom exemplo da tendência à restauração do equilíbrio na relação parte-todo: "De que modo o sentido da visão se apodera da forma? Nenhuma pessoa dotada de um sistema nervoso normal apreende a forma alinhavando os retalhos da cópia de suas partes (...) o sentido normal da visão apreende sempre um padrão global".
Texto adaptado de Ana Maria Bock, "Psicologias" (Saraiva, 2004)
* "Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora" (Edusp, 1980)

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