domingo, 23 de agosto de 2009

Doutora em psicologia fala sobre a Gestalt-terapia

Alexandra Tsallis, doutora em psicologia pela UERJ, fala sobre a Gestalt no Brasil, em entrevista no site do CRP-RJ e que merece registro aqui:
Diagnóstico: "Se tivermos que pensar em cura, pensamos em aumentar o leque de possibilidades que uma pessoa tem na vida. Arnold Beisser afirma, num texto chamado 'A teoria paradoxal da mudança', que o processo psicoterápico é talvez o processo pra que a pessoa possa ser aquilo que ela já é. Ele chama isso de teoria paradoxal da mudança porque, afinal de contas, é estranho perguntar como você pode vir a ser aquilo que você já é, mas a idéia também é uma idéia que passa pela aceitação, pela possibilidade que uma pessoa tem de se ver mais plena, mais íntegra."
Métodos de intervenção: "A idéia da Gestalt é que você possa experimentar, ou seja, vivenciar as coisas. Não é alguma coisa que passa apenas por um entendimento racional, mas por um entendimento integral, holístico — que é você poder entender as coisas rapidamente, mas você poder sentir, você poder se expressar."
Comportamento ético: "Agir eticamente na psicoterapia significa que você possa acompanhar uma pessoa naquilo que ela precisa, mas que você também saiba identificar qual é o limite nesse acompanhamento, que você saiba até onde você pode ir. Pra mim, a clareza ética é aquilo que eu possa fazer, mas o que eu saiba diferenciar daquilo que eu não posso fazer, aquilo que eu não tenha capacidade. Não acredito que existam psicoterapeutas que possam atender a tudo e qualquer pessoa. Eu acho que é preciso saber aquilo que eu não tenho condição de atender, seja porque eu não tenha o conhecimento técnico, seja porque eu não tenha o instrumental pessoal. O instrumento do psicoterapeuta é ele próprio, ele é um ser humano, então se o psicoterapeuta não puder ficar de posse da sua humanidade, ele não vai se dar conta dos seus limites. Alan Badiou diz que ser ético é ser fiel a si próprio, aos seus princípios. Aliás, acompanhar é uma palavra que tem uma etimologia bonita, porque significa “compartilhar o pão.”
Atuação gestáltica em relação às outras abordagens: "Acho que a Gestalt-terapia está voltada para o aqui e o agora, entendendo que o “aqui-agora” não é sinônimo do presente, mas é sinônimo daquilo que está presente no momento. Nesse sentido ela trabalha com o fenômeno e ela trabalha enfatizando a dimensão vivencial. A dimensão vivencial sendo aquilo que é uma mistura de pensar, agir e sentir, aquilo que pode ser sintetizado, didaticamente, em pensar, agir e sentir. É porque uma vivência é sempre mais, não é? A gente separa didaticamente, mas é mais do que isso."

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