domingo, 23 de agosto de 2009

Kierkegaard e a ironia como revitalizadora da essência humana

Kierkegaard prenunciava, em meados do século 19, sobre os rumos do pensamento moderno. Para ele, o homem estava "perdendo sua referência singular", deixando-se levar pelas seduções do mundo, principalmente pela publicidade. O curioso disso é que, dois séculos depois, e o indivíduo continua mais do que nunca delineado pelas aspirações sedutoras do sistema, em detrimento de sua espontaneidade e caráter puro, fiel à sua natureza.
Vivemos sob a ótica/estética do prazer plausível. Sofrer está na outra ponta e surge como referência contrária aos anseios vivenciais. Kierkegaard empreendeu, em sua filosofia, uma espécie de papel auxiliador deste homem com referência desencontrada, a quem desempenharia as funções de facilitar o caminho, o processo de volta ao natural, no impessoal e plástico, na superficialidade e ações manipuladas. A compreensão conjunta das ilusões a que cerca-se este indivíduo alcançaria a palmatória do próprio facilitador.
O filósofo desenvolveu esta técnica através da "ironia", que consistia em um método de comunicação indireta, utilizado por ele para que naquele que predomina o modo estético de escolher surja primeiramente a inquietação, o impacto, de forma a que este homem, pelo menos, possa reconhecer-se no lugar em que se encontra. E assim abrir a possibilidade de se instaurar o conflito, a indecisão.
É como se um ator vivesse um personagem de si mesmo mais acentuadamente do que a si mesmo, em essência. É viver o "lado B" antes do "lado A". Disse-lhe: (...) quando a interioridade caminha em direção a si mesma, é revelada com intensidade na metamorfose: então a opinião da massa perde o interesse (Kierkegaard, 2007, p.6).

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